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Aluno com deficiência cerebral forma-se técnico em Desenvolvimento de Sistemas pelo Ifal Maceió

Magno Luiz venceu as dificuldades, concluiu estágio e contou com suporte do NAPNE
por Gabriela Rodrigues publicado: 05/04/2024 17h02, última modificação: 05/04/2024 17h37
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Magno Luiz formou-se como técnico em Desenvolvimento de Sistemas pelo Ifal Maceió

"Todo dia pegávamos o ônibus de Rio Largo. Podia estar muito calor, chovendo ou o ônibus parar distante, fora do ponto... Na pandemia, ele era o primeiro a aparecer na frente do computador. E aqui no Ifal, os professores e o Napne sempre o respeitaram, apoiaram e incentivaram". O relato emocionado é da senhora Maria do Carmo, mãe do técnico em Desenvolvimento de Sistemas Magno Luiz Januário da Silva, concluinte do curso Integrado no Ifal Maceió.

Magno tem múltipla deficiência no cérebro (causada por falta de oxigenação no momento do parto), comprometendo as funções dos seus membros superiores, inferiores e sua oralidade, mas mantendo a parte cognitiva do estudante totalmente preservada, sem comprometer sua formação. Dona Maria do Carmo é enfática ao dizer emocionada que sempre acreditou nele. 

Professores do curso de Desenvolvimento de SistemasO evento de certificação de Magno foi o momento em que sua mãe, que o acompanhava diariamente nos deslocamentos ao campus Maceió e também nas aulas online do ensino remoto durante a pandemia, demonstrar sua gratidão ao apoio dos profissionais do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas - Napne, do Ifal Maceió, como também um momento de celebração para técnicos, colegas e professores do curso técnico Integrado de Desenvolvimento de Sistemas e para gestores do campus. Magno não só obteve êxito nas provas e atividades ao longo do curso, como concluiu estágio na escola Genilda Porto, da Associação Pestalozzi de Maceió, oportunidade na qual teve contato com técnicas de programação.

Professor Max Charridy, coordenador no Napne"Magno tem suas funções cognitivas preservadas, mas movimentos e a comunicação comprometida. O seu aproveitamento no curso se deu por conta de adaptações nos instrumentos avaliativos, com 100% das questões objetivas, em que ele respondia a alternativa correta ou nos dava comandos  faciais de sim ou não", explica o professor Max Charridy, coordenador no Napne. "Tanto é que a gente até brincava que ele é o nosso Stephen Hawkings (físico e astrônomo britânico) aqui do campus Maceió. Pois embora tenha limitações físicas, ele é muito inteligente, teve um aprendizado normal, passando, claro, por adaptações e pelo suporte de um auxiliar do Núcleo".

O coordenador do Napne destaca que, nas questões de Matemática, era necessário um prazo maior para que Magno respondesse às provas: cerca de três dias. "Nestes casos, várias estuturas de cálculos e equações eram previamente armadas para que ele escolhesse a alternativa correta. Pausa e descanso para aliviar a carga de energia mental foram muito necessários, e essa adpatação também foi totalmente necessária para possibilitar que Magno concluísse o curso".

Avanços e inclusão

Para auxiliar o ingresso de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, o coordenador Max Charridy destaca que o Napne faz o acompanhamento e uma busca ativa de oportunidades de estágio para os estudantes, em ambientes profissionais adequados e adaptados às necessidades específicas de cada um. "No momento adequado do curso, entendemos que o período do estágio é importante pois ele pode gerar possibilidades futuras tanto para o aluno que está ali como para a empresa, com o perfil mais inclusivo, de acolher um aluno ou profissional com deficiência"

O diretor do campus Givaldo Oliveira afirmou que a certificação de Magno foi um presente para o Ifal MaceióEmocionado com a conclusão do curso, o diretor do campus Givaldo Oliveira afirmou que a certificação de Magno foi um presente para o Ifal Maceió, que neste ano completa 115 anos de existência. "É um privilégio sem igual para nosso Instituto, que neste ano completa 115 anos de presença em Alagoas, presenciar um avanço como este. Além das limitações naturalmente existentes, a jornada de Magno começou no período da pandemia, em não houve desânimo ou desistência. Esta certificação, além de um presente para nós, é um símbolo valioso de perseverança e força e dos avanços e inclusão que vivemos no Instituto, sobretudo, pela qualidade dos profissionais do Napne"

O coordenador do curso de Desenvolvimento de Sistemas, Augusto César, destacou a certificação como um momento ímpar e gratificante. "É uma alegria imensa perceber o quanto é importante acreditar no processo e caminhar um pouco mais a cada passo. Fui professor de programação na turma do Magno, passamos pelo desafio de nos adaptarmos para a inclusão, mas hoje posso dizer que muito mais aprendemos com ele do que ele conosco".