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Alunas do Ifal Maceió conquistam medalhas em Olimpíadas e programas nacionais de Ciência

Meninas também ocupam metade das vagas da monitoria de Física e marcam presença no mundo das Ciências Exatas
por Gabriela Rodrigues publicado: 04/09/2023 15h35, última modificação: 05/09/2023 11h44
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Meninas ocupam metade das vagas da monitoria de Física e marcam presença no mundo das Ciências Exatas

Elas são jovens, despojadas e decididas. Falam sobre Astronomia ou a importância de Marie Curie para a ciência com a mesma naturalidade com que relatam o seu dia a dia de estudos no Ifal. Ocuparam metade das vagas da monitoria da disciplina de Física, colecionam conquistas em olimpíadas do conhecimento de âmbito nacional e, literalmente, sonham bem alto. As alunas do Ifal Maceió Flávia Nathalia da Silva (concluinte do curso técnico de Edificações), Letycia Barbosa de Lima (concluinte do curso técnico de Informática para Internet) e Maria Emily Nayla Gomes (recém-formada em Edificações) representam uma tendência verificada nos resultados do Instituto, sobretudo após a pandemia da Covid-19: o aumento expressivo da presença e da premiação de meninas em eventos e olimpíadas científicas, sobretudo nas áreas de Física e Astronomia.

Flavia Nathalia da Silva é caçadora de asteroides, estudante de Edificações e apaixonada pelas teorias de Albert EinsteinAos 18 anos, Flavia Nathalia da Silva é caçadora de asteroides. A estudante de Edificações, apaixonada pelas teorias de Albert Einstein e por observar o céu, conseguiu detectar asteroides num trabalho em equipe com outras garotas estudantes do estado de Roraima, ao participar do Programa Caça Asteroides de 2021, uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e o International Astronomical Search Collaboration (IASC/NASA Partner), da NASA. O programa, que envolve estudantes do Brasil inteiro, disponibiliza para os/as participantes imagens fornecidas pela NASA captadas por um telescópio de 1.8 metros, pertencente à Universidade do Havaí, para análise e identificação de asteroides.

Flávia se interessa por temas como ondas gravitacionais e física estelar

Além disso, Flávia é medalhista de ouro na Olimpíada Brasileira de Astronomia - OBA 2023 e na Olimpíada Internacional de Física e Cultura – IphCO 2022. A estudante também participou do Projeto Astrominas, da USP, uma iniciativa para empoderar meninas através da ciência. Iniciativas como esta desconstroem a ideia de que as ciências exatas não são para meninas, avalia Flávia. “Quando vemos uma mulher exercendo um papel muito importante na ciência, ocupando uma posição que outras pessoas nem imaginariam, ela mostra que não há limitação intelectual e que está onde qualquer outra mulher que se dedique poderia estar”, acredita a estudante.

Flávia, que se interessa por temas como ondas gravitacionais e física estelar, pretende ser pesquisadora na área de astrofísica e acredita que pode se tornar uma referência importante na ciência brasileira. “Existe um costume social das próprias mulheres se colocarem menos capazes que os homens. Mas a história nos mostra que há mulheres ganhadoras de Prêmio Nobel e que fizeram grandes descobertas para a ciência”, destaca.

Informática e Astronomia

Letycia Barbosa de Lima, de 18 anos, já coleciona 18 medalhas olímpicas, sendo ouro por dois anos seguidos na Olimpíada Brasileira de Astronomia – OBA, de 2022 e 2023, e prata na OBA de 2021Concluinte do curso de Informática para Internet, Letycia Barbosa de Lima, de 18 anos, já coleciona 18 medalhas olímpicas, sendo ouro por dois anos seguidos na Olimpíada Brasileira de Astronomia – OBA, de 2022 e 2023, e prata na OBA de 2021. Letycia também já caçou asteroides, participou de diversas olimpíadas multidisciplinares além das Ciências Exatas (como de Linguística e Geografia) e é a primeira aluna do Ifal a conquistar a suplência para a equipe brasileira das Olimpíadas Internacionais de Astronomia e Astrofísica (IOAA/OLAA) – 2023.

A estudante, que se interessa por Física Computacional e pretende aliar astronomia e informática em suas pesquisas e estudos, destaca que o incentivo de professores do campus é fundamental para ampliar a participação de meninas nos eventos e competições. “Na OBA, a primeira olimpíada que participei, já ganhei a medalha de prata, e gostei da sensação de me peparar, aprender e ser recompensada por isso. Participar de olimpíadas acabou se tornando um vício”, conta a aluna

Letycia participou da jornada espacial no ITA, em São José dos Campos-SP

 

Resolvi participar de tudo o que eu podia porque essas olimpíadas só acontecem no ensino médio. Se não fosse agora, não seria nunca mais. E neste mundo nós somos inspiradas e inspiramos outras meninas. Quando uma consegue, são todas as outras que conseguem também”, comemora Letycia, que participou da jornada espacial no ITA, em São José dos Campos-SP.

 

Das medalhas à graduação

Emily considera “interessante” a área de Computação, porém é a Física que faz os seus olhos brilharem

Emily Nayla Gomes da Silva tem 19 anos, concluiu o curso técnico de Edificações e já ingressou no bacharelado em Ciências da Computação, na Universidade Federal de Alagoas – Ufal. Emily conta que, influenciada por suas duas colegas da monitoria de Física Flávia e Letycia, ela só se interessou por olimpíadas científicas no final do terceiro ano de curso. Em um ano, a estudante participou de todas as competições que pôde, chegando ao final de seu curso com sete medalhas conquistadas, sendo duas de ouro: Na Olimpíada Internacional de Física e Cultura – IphCO 2022 e na Olimpíada Nacional de Ciência – ONC 2022.

Emily Nayla Gomes da Silva tem 19 anos, concluiu o curso técnico de Edificações e já ingressou no bacharelado em Ciências da Computação, na Universidade Federal de Alagoas – Ufal

A recém egressa do Ifal Maceió também representou o Instituto nas Olimpíada de Matemática dos Institutos Federais, a OMIF 2022, trazendo o bronze para Maceió.

Emily considera “interessante” a área de Computação, porém é a Física que faz os seus olhos brilharem: “Entrei na atual graduação como uma experiência, mas vou prestar o Enem para o bacharelado em Física, pois é nesta área que pretendo atuar e as medalhas nas olimpíadas contam para a pontuação”, celebra e medalhista. Emily revela que a combinação entre coragem e iniciativa faz com que mais meninas e mulheres conquistem espaços predominantemente masculinos, com nas ciências exatas.

“Eu sou uma das poucas alunas de minha turma de Ciências da Computação, e certamente serei quando cursar Física. Mas uma rede de apoio em que mulheres se apoiem e se inspirem umas nas outras quebra essa realidade e nos leva a conquistar estes espaços. Quando nos questionarmos se somos tão boas ou se estudamos o suficiente, a resposta tem que vir da coragem, da iniciativa de agir, ir lá e fazer, pois quando você tenta muita coisa acontece”, reflete a egressa.