Reflexões sobre o ensino e a atuação docente marcam a abertura do 4º Elic

Começou, na noite de segunda-feira (22), o 4º Encontro dos Professores de Linguagens e Códigos (Elic) do Instituto Federal de Alagoas - Ifal. As reflexões da mesa diretora e da palestra de abertura do evento evidenciaram os desafios do ensino de linguagens e códigos e perspectivas de atuação dos docentes da área. Trata-se do tema da edição 2021 do encontro, que é sediada pelo Campus Piranhas. 

Coordenador da iniciativa, o professor de Língua Portuguesa Alisson Lima definiu o Elic como um evento institucional de caráter formativo que visa criar espaços de diálogo sobre questões caras à atuação dos professores da educação básica, técnica e tecnológica. O docente destacou o esforço do Grupo de pesquisa em Texto, Ensino de Línguas, Discurso e Educação Especial e Inclusiva (Getede) em organizar o encontro, mesmo com os contratempos em decorrência da pandemia do coronavírus.

Na sequência de seu pronunciamento, o diretor-geral da unidade de ensino anfitriã do evento, Iatanilton Damasceno, acrescentou que o Campus Piranhas está sediando o Elic "com todo o esforço e compromisso de como realizariam presencialmente". 

A pró-reitora de Ensino Cledilma Costa mencionou, na solenidade, o desafio institucional de articular a educação básica com o ensino superior. "O Elic se apresenta como grande espaço de discussão, de divulgação da produção científica e acadêmica, mas sempre na perspectiva de retroalimentar aquele que é o objetivo finalístico da nossa instituição, que é o ensino", afirmou. 

Já o reitor do Ifal, Carlos Guedes, finalizou os discursos da mesa de abertura do encontro ressaltando a resiliência que o último ano exigiu dos servidores da educação. "A realização do Elic reconhece o trabalho de pessoas da instituição. Estamos celebrando uma ação conjunta, que é a oportunidade de reunir reflexões de estudiosos e pesquisadores", declarou.

Diálogo sobre a docência - A primeira palestra do Elic 2021 teve como tema "'O professor de artes no contexto contemporâneo" e mediação da docente de Português do Campus Piranhas Ana Fireman. 

Durante sua apresentação, a pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas - Unicamp Selma Simão defendeu a necessidade de despertar o interesse e a vontade dos estudantes em se integrar em seus espaços educacionais, criando laços de pertencimento. "Os estudantes devem poder opinar, trazer suas vozes, inclusive para o currículo, para os conteúdos que eles irão aprender. Isso proporciona um senso de coletividade".

De acordo com a estudiosa, a atuação docente na área de Artes deve favorecer a ideia de união, a prática da tolerância e da pluralidade, porque há necessidade de "compreendermos nossas origens, as misturas e hibridismos, com diálogo aberto, com integração intercultural". 

Ao longo da palestra, Selma falou também como o professor de artes é capaz de contribuir com a formação crítica do alunado. "Além de oportunizar que se expressem pelas linguagens artísticas, pelo exercício da fruição, da leitura da obra, associando esse processo com a contextualização da mesma, ele oportuniza um despertar desse estudante como agente social. Com os conhecimentos sobre o movimento histórico, político e social que aquela obra foi produzida, os alunos podem analisar a manifestação do artista, que muitas vezes se deu mediante um clamor social", explicou.

Para a profissional, o trabalho de mediação em Artes deve incentivar e valorizar a cultura local, incluindo a da comunidade onde a escola está inserida. "Nós podemos oferecer, como professores de artes, tempos e espaços de reflexão sobre as problemáticas atuais dos territórios nos quais atuamos. Experenciando a arte com profundidade, os estudantes começam a associá-las às mensagens que querem expressar, ligadas aos seus anseios sobre as transformações do mundo em que vivem".

Selma expôs ainda a importância de os profissionais procurarem possibilidades além do conceito da aula tradicional. "Estamos em busca de uma atuação que domine a tecnologia a serviço de uma formação mais humana, mais afetiva, mais construtiva e inspiradora, que possa ocorrer presencialmente ou remotamente". Nesse sentido, apontou a função dos museus e centros culturais na arte formação e como os docentes, por meio do planejamento de visitas, podem propiciar vivências memoráveis aos estudantes e diminuir os distanciamentos entre os ambientes educacionais e esses espaços.

A palestrante concluiu sua explanação apontando a necessidade de políticas públicas voltadas a oferecer melhores condições de trabalho docente e de acesso aos equipamentos culturais mencionados. 

A palestra da professora da Universidade Federal de Pernambuco Maria Irande Costa, também prevista para a abertura do evento, não ocorreu por motivos técnicos e será reagendada pela comissão organizadora. A programação do 4º Elic segue até a próxima quinta-feira, 25, com reuniões de grupos de trabalho, espaço para divulgação de pesquisas e debates.