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Para além dos muros do Ifal, TAEs aplicam conhecimento em atividades diretas para a comunidade

publicado: 31/10/2017 10h19, última modificação: 09/11/2017 08h55

Lidiane Neves, Jhonathan Pino e Gabriela Rodrigues - jornalistas

A segunda matéria da série “Técnicos em Ação”, veiculada nesta terça-feira (31), mostra técnicos que lideram atividades de notável importância para além dos muros do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) no tocante à extensão, contribuindo para a melhoria do seu entorno e em direção a uma atuação mais consistente junto à comunidade. O próprio Ifal estimula e financia ações, projetos e programas que têm como objetivo possibilitar o compartilhamento do conhecimento adquirido por meio do ensino e da pesquisa desenvolvidos na instituição com o público externo.

Acássia Deliê encontra nos projetos de solução oportunidades para discutir e solucionar problemas da própria comunidade.jpegA primeira servidora desta série de personagens interligou interesses profissionais e pessoais para o desenvolvimento de projetos de extensão no campus Marechal Deodoro, onde está lotada desde 2015. Quando um servidor entra no Ifal, ele traz todas as experiências de vida. Colocá-las a disposição da instituição não é bem uma decisão particular, já que de algum modo os conhecimentos profissionais e pessoais são integrados. Foi com consciência disso que a jornalista do campus Marechal, Acássia Deliê, vem utilizando os programas de extensão para realizar suas contribuições à unidade. “Acredito que todas as experiências que tive na vida influenciam de alguma forma meu trabalho na comunicação do campus Marechal”, lembra a ex-aluna do antigo Cefet, em Maceió.

Em menos de dois anos, Acássia criou o projeto Observatório da Mobilidade Urbana, que visa o debate e a proposta de soluções para os problemas no transporte interurbano, e o curso de Introdução à Libras, criado como forma de promover a inclusão e sociabilidade à única aluna surda do campus. O primeiro surgiu em 2015, ao perceber que uma das maiores causas de evasão escolar em Marechal era a má qualidade do transporte público no município. Aquilo a incomodou, então a servidora resolveu aliar seus interesses por mobilidade ao seu trabalho na instituição.

Quando foi convocada para trabalhar no Ifal, Acássia estava morando na Irlanda e lá utilizava a bicicleta como meio de transporte para o trabalho. “Havia ciclovias, ciclofaixas e toda a infraestrutura de segurança necessária para ciclistas urbanos. Minha saúde melhorou e minha percepção da cidade, do meio ambiente e do próprio trabalho mudaram completamente após essa experiência. Quando voltei, me juntei a um coletivo de ciclistas urbanos de Maceió e começamos a nos integrar a grupos de todo o Brasil, que puxam esse debate nas grandes cidades”, detalha. O envolvimento com o tema deu embasamento para o “Observatório da Mobilidade Urbana”.

No outro projeto, a servidora utilizou sua afinidade com o audiovisual para realizar a produção de um videoclipe com o cantor alagoano Wado, utilizando a língua de sinais como produto final do curso de Libras. “Foi um trabalho muito especial, que acabou evoluindo para o projeto Escola em Libras, que estou desenvolvendo para o TCC da minha especialização em Jornalismo Digital. O próprio interesse pela Libras e o debate sobre a surdez vêm de aprendizados e amizades antigas com pessoas surdas”, ressaltou.

Ela ainda lembra que se inicialmente o curso de Libras visava suprir à ausência de um intérprete de línguas de sinais e socializar a única aluna surda da unidade, hoje ele também vem estimulando a produção conjunta de vídeos entre estudantes e servidores. “Nunca entendi os espaços acadêmicos como ilhas de conhecimento. Para mim, o conhecimento que produzimos precisa ser compartilhado e assimilado pelas pessoas. E a comunicação ajuda bastante esse processo”, opina Acássia.

Rafael Balbino é cordenador de extensão do Campus Santana do Ipanema.jpgRafael Balbino, responsável pela extensão e estágios no campus Santana do Ipanema, é representante de TAEs que atuam no sertão alagoano em prol de uma educação que não se limita ao âmbito interno da instituição. Convocado em 2013, com curso técnico em Agropecuária pela antiga Escola Agrotécnica Federal de Satuba e graduando em Gestão Ambiental, o pilarense à época dividia-se entre o trabalho de guarda municipal e professor em escolas particulares na sua cidade natal. No entanto, desde que foi nomeado para o campus Santana as coisas mudaram: além de mudar de cidade, ele fez mais uma graduação em Engenharia Agronômica e um mestrado em Agronomia, ambos na Universidade Federal de Alagoas, e passou atuar em projetos de extensão da unidade. Como resultado, ele teve seus trabalhos de extensão reconhecidos pela comunidade e a conquista do terceiro lugar na categoria tradicional do Avante IF, competição disputada este ano por 25 equipes com ideias inovadoras de negócio do instituto.

Tudo começou em 2014, quando o servidor submeteu duas propostas de projetos de extensão para serem executadas no ano seguinte, com o auxílio de quatro alunos bolsistas. Após duas outras submissões, o projeto “A importância do umbuzeiro para o desenvolvimento socioambiental da região do Ipanema” continuou sendo executado pelo seu terceiro ano. “A experiência é sempre gratificante. Trabalhamos em 2016 com alunos do ensino fundamental da Escola Estadual Rotary, faixa etária entre 10 e 15 anos, e também com agricultores familiares da comunidade Lages dos Barbosas, ambos aqui na cidade. O objetivo foi estimular o reflorestamento do bioma caatinga com o umbuzeiro, sensibilizar os participantes para a importância da espécie no desenvolvimento socioambiental local e buscar implantar um sistema específico de produção de mudas para o umbuzeiro, baseado no modelo de produção agroecológico, além de destacar o valor comercial do umbu como gerador de renda. Produzimos mudas de qualidade que posteriormente foram distribuídas para a comunidade onde o público-alvo estava inserido”, detalhou Rafael.

Foi essa atuação na extensão que o aproximou da coordenação da área no próprio campus. Na função de coordenação de extensão desde 2015, Rafael é responsável pelo gerenciamento e encaminhamento dos alunos concluintes ao estágio curricular obrigatório e encaminhamento dos alunos à prática profissional.

Rivadávia, assistente de alunos do campus MaceióO servidor Rivadávia Souza, lotado no campus Maceió, alia sustentabilidade e educação alimentar em seu trabalho de extensão na unidade. O projeto de Extensão “Promoção de educação ambiental e saúde através da construção de horta escolar” é uma ação que envolve alunos e servidores do campus Maceió e estudantes da Escola Estadual Manuel Simplício do Nascimento, no bairro do Jacintinho, periferia de Maceió. Idealizado pelo assistente em alunos Rivadávia Souza, técnico do Ifal Maceió, a ação extensionista reúne conhecimentos de agricultura e educação ambiental com o objetivo de incentivar o cultivo de uma horta em ambiente escolar, colocando em prática conhecimentos adquiridos em sala de aula sobre educação alimentar e preservação ambiental.

A ação, que ultrapassa os muros do Ifal e leva à comunidade noções de sustentabilidade e cultura do campo, promove uma mudança de mentalidade entre os alunos da periferia, envolvendo-os em uma dinâmica educativa que os afasta do ócio fora dos períodos de aula e do uso e tráfico de drogas, segundo Rivadávia. “A noção de utilidade, de trabalho em equipe e a perspectiva por resultados motivam os alunos da escola pública que participam deste projeto. Incentivamos os alunos a atuarem em ações que vão evoluindo: primeiro a limpeza da área, depois adubo, transporte, plantio das sementes e finalmente a colheita, que beneficiará os próprios alunos. É um trabalho lento, mas que gera resultados importantes”, avalia o técnico. A horta escolar está em fase de implantação, já foram concluídas as fases de limpeza e de preparo do terreno, e o projeto permanece em andamento.

Flávia Seixas durante roda de conversa sobre ações de extensão no Conac 2017No campus Penedo, o contato imediato da instituição de ensino com a comunidade externa também envolve a participação de técnicos administrativos. A assistente de alunos, Flávia Seixas, e o técnico em Tecnologia da Informação (TI), Carlos Braulino Novaes, coordenam iniciativas de extensão, colaborando para que o Ifal não se limite à formação de estudantes nos cursos técnicos, mas que também transforme a realidade social da comunidade que o cerca, através do conhecimento gerado dentro do instituto.

Flávia está concluindo sua graduação em Educação Física e integra o quadro efetivo do campus há pouco mais de três anos. Como extensionista, sua experiência é de um ano. “Fui convidada por estudantes para assumir a coordenação do projeto devido à remoção do professor orientador”, disse a técnica, referindo-se ao projeto executado em 2016 com foco na disseminação de hábitos alimentares saudáveis entre estudantes de escolas públicas de Penedo.

Em 2017, a iniciativa passou por alguns ajustes e foi submetida à nova aprovação com o engajamento de outros estudantes, já que os envolvidos no ano anterior haviam se formado. O projeto consiste em trabalhar nas escolas municipais e estaduais de Penedo a ideia “comer bem para viver melhor” com discentes de diferentes idades. “Apesar de estar mais ligado à saúde e não ser exatamente a minha área de estudo, vejo como uma experiência positiva tanto para mim quanto para os estudantes, pois é um aprendizado mútuo”, afirma a assistente de alunos que pensa em seguir participando das atividades de extensão, mas com algum projeto ligado à área de Educação Física.

Carlos Braulino durante roda de conversa sobre ações de extensão no Conac 2017No caso do técnico em TI, a iniciativa coordenada por ele ocorre no formato de curso de extensão. Bacharel em Sistemas de Informação e especialista em Segurança da Informação, Carlos Braulino chegou ao campus Penedo há apenas cinco meses. “Antes, eu possuía uma empresa de serviços de TI e trabalhava prestando serviços”, disse o TAE, que também já foi instrutor de minicurso de redes e programação. No desenvolvimento do curso do Ifal, denominado “Básico de Manutenção de Computadores”, o que entusiasma o servidor é a relação com os dois alunos monitores e a interação com a comunidade externa. “Os monitores participam de tudo, o que inclui a preparação das aulas, o suporte aos alunos do curso e também a exposição de alguns conteúdos nos quais eles se sentem confortáveis para ministrar”, destaca, acrescentando que a ideia para o próximo ano é melhorar o formato e propor uma continuação.

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