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Em palestra promovida pela Assistência Estudantil, psicóloga traz alertas sobre abuso sexual

Ação ocorreu no auditório do campus e contou com a presença de alunos e servidores

por Monique de Sá publicado: 31/05/2019 15h20, última modificação: 31/05/2019 15h31

Ontem, 30, foi dia de dialogar sobre um assunto alarmante no Brasil e no mundo: o abuso sexual contra crianças e adolescentes. Para discutir o tema, a equipe de Assistência Estudantil do campus Palmeira convidou a doutora em Psicologia Clínica, Laís Macêdo, que também atua como professora do Centro Universitário, Cesmac.

Em sua palestra, Laís conceituou o que seria o abuso sexual na infância e na adolescência, além de ter trazidos dados relativos à prática desta violência no Brasil. Segundo a psicóloga, não existem sinais de alerta que indiquem que uma criança ou adolescente esteja passando por isso, mas situações de mudanças comportamentais que sirvam para chamar lais.jpegatenção, como: um comportamento sexual inapropriado, baixa autoestima, ódio, medo, relações interpessoais inesperadas, entre outros aspectos.

Nestas situações, por exemplo, cabe a um colega de sala, no caso de um aluno, ao perceber tais mudanças, que ele demonstre que está ali para ajudar e não para julgá-lo. Como amigo, deve haver uma aproximação com o sujeito sem exigir que algo seja revelado. Deve-se tomar uma posição acolhedora com o outro e não desqualificá-lo, nem humilhá-lo”, esclarece a psicóloga.

Dados no Brasil revelam que a população mais atingida está na faixa etária de 12 a 18 anos e que a maioria dessas vítimas (95%) são meninas. Laís ainda ressaltou que a maior parte dos abusadores vem do seio intrafamiliar, sendo em sua maior parte, os pais, seguido dos padastros.

plateia_ae.jpegPara Laís, quanto mais silenciarmos, mais reforçamos condutas abusivas. Por isso, para ela, é fundamental e necessário que o assunto seja tratado em sala de aula, sobretudo no ambiente escolar. “Precisamos sim falar! Pesquisas mostram que quando fazemos uma palestra sobre abuso sexual, crianças passam a ter mais liberdade para falar. Um direito só é um direito quando eu sei que ele existe, então precisamos conscientizar a criança e o adolescente sobre seu direito de denunciar”, ressalta.

Relação de consentimento

Um dos assuntos tratados que despertou a atenção dos alunos foi a questão do consentimento. A psicóloga explica que em casos de crianças que envolvam adultos sempre haverá uma conduta abusiva, pois a criança é inábil para consentir.

ação.jpegO Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece que se considera criança aquele com 12 anos incompletos. Dos 12 aos 14 há uma brecha e acima dos 16 se o adolescente diz que houve consentimento, não é considerado abuso. Mas sabemos que não é uma questão tão simples assim, pois nesses casos temos que ver se existe uma relação de poder entre eles”, adverte Laís.

Cartas para as vítimas e cartazes de alerta

Um dos desafios lançados pela equipe de Assistência Estudantil do campus e aceito pela professora de Língua Portuguesa, Edneide Leite, foi a realização de atividades em sala, voltadas a tratar do tema. A forma escolhida pela docente foi a elaboração de cartas para vítimas de abuso e um desses destinatários foi a menina Araceli Cabrera.

cartas.jpegCom apenas oito anos, Araceli foi raptada, estuprada e morta no Espírito Santo, em 18 de maio de 1973 e ninguém foi punido pleo crime. Em memória à menina, foi instituído o 18 de maio como Dia Nacional de Combate ao Abuso Sexual de Crianças e Adolescentes, com aprovação da Lei 9.970/ 2000.

Edneide explica que a escrita de cartas traz uma narrativa mais intimista, de cunho pessoal, sendo um lugar de desabafo. “Até mesmo um espaço para registrar os anseios a partir desse tema tão delicado. A carta proporciona mais liberdade na escrita. A partir da realidade, eles destinam o que pensam e sentem a respeito para Araceli. Mas o nome dela é simbólico - assim como a data. Deixamos claro que representa meninas e meninos que foram e são vítimas de abuso, sobretudo”, diz.

cartazes.jpegAqueles que não se sentiram à vontade de escrever as cartas, puderam optar pelos desenhos e confecções de cartazes relativos ao tema. “A adesão foi livre e praticamente todos os alunos fizeram os registros, demonstrando bastante interesse e sensibilidade ao tema”, conclui a professora.