Produto educacional destaca o Xamanismo, religiosidade indígena, como fonte de debate entre professores e estudantes do ensino médio integrado

A comunidade interna do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) e o  público em geral que tenham interesse em conhecer as espiritualidades e religiosidades indígenas podem dispor, de forma gratuita,  de um e-book, intitulado “Do Xamanismo Ancestral ao Contemporâneo: o debate sobre as religiosidades/espiritualidades indígenas no ensino médio integrado”, de autoria da mestra Rêmia Vasconcelos. A publicação virtual é um produto educacional elaborado pela autora durante o mestrado em Educação Profissional e  Tecnológica, realizado entre 2021 a 2023.

Para a pesquisadora. “O intuito do material didático é contribuir para as práticas educativas da área de Sociologia e áreas afins, especificamente quando abordado o tema cultura”.

O produto educacional foi construído através de pesquisa bibliográfica de importantes autores que versam sobre os temas, além de  pesquisas com estudantes, docentes e integrantes do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) e seus conhecimentos e percepções sobre a cultura e religiosidades indígenas, conforme ressalta Rêmia Vasconcelos.

Segundo a publicação, algumas pessoas que têm o poder de acessar o mundo espiritual são denominadas de xamãs ou pajés, sendo este último o líder religioso com a função é mediar e conectar os demais membros da comunidade indígena aos vários espíritos que constituem as cosmologias indígenas, e todas as suas ações são para o bem da comunidade”. O renomado antropólogo Claude Lévi-Strauss, considerado o fundador da antropologia estruturalista e que morreu em outubro de 2009 citou que  o xamã atuaria como um médico, um psicanalista, líder que acolhe, que cura, mas para haver resultados positivos das práticas curativas dos xamãs, é necessário que os envolvidos tenham crença no sistema de cura, do contrário, o resultado não será satisfatório Para Strauss, a eficácia das práticas xamânicas apresentam três aspectos que se somam: a crença do xamã no poder de suas técnicas, a crença do enfermo que será curado pelo xamã e a crença da comunidade, do coletivo, a confiança e as exigências da opinião coletiva formam, a cada instante, uma espécie de campo gravitacional no seio do qual se definem e se situam as relações entre o feiticeiro e aqueles que ele enfeitiça.

O conteúdo gráfico virtual apresenta ainda,  alguns ritos religiosos  de povos indígenas de Pernambuco e Alagoas como, o  Pankararu, de Petrolândia-PE, o Jiripankó, comunidade indígena que vive próximo à cidade de Pariconha-Alagoas e Kariri-Xocó, de Porto Real do Colégio-AL. Um desses rituais dessas aldeias é  chamado de  “Menino do Rancho" é um rito que acontece em festejo ou agradecimento por uma cura, em homenagem aos encantados, sendo estes os espíritos ou ainda em pedido de proteção para uma criança. A Corrida do Imbu é outro rito citado na publicação e consiste em  alguém na comunidade indígena  que encontra e pega a flecha ao primeiro imbu maduro. O flechamento da fruta significa, para a comunidade, a garantia de uma safra farta e de qualidade. A continuidade do rito dá-se no período da safra propriamente dita. 

Uma variedade de rituais é enfocada no livro didático, além de vídeos  e sugestões de filmes.

O processo de colonização das áreas indígenas e ocupação ilegal por intervenções de outras atividades religiosas, por serem diferentes da religão cristã, também são enfocados no produto educacional  ao serem citados fatos durante o governo passado, onde segundo informações colhidas pela pesquisa, missionários se incorporaram na Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) na tentativa de  converter índios isolados. Também são relatadas formas de violência na ocasião em que esses religiosos invasores são contráriados, sendo uma  das práticas retaliatórias, os incêndios nas aldeias.

O produto educacional, como consequência da pesquisa científica, compõe a dissertação sob o título “Do xamanismo ancestral ao contemporâneo: o debate sobre as religiosidades/espiritualidades xamanismo indígenas no ensino médio integrado.

A pesquisadora foi orientada pela professora-doutora Beatriz Medeiros  de Melo, do ProfEPT/Ifal. A banca examinadora que aprovou o trabalho foi composta pela professora-doutora Sílvia Aguiar Carneiro Martins (Ufal), prof.dr Fábio Francisco de Almeida  e o prof.dr Amaro Hélio Leite da Silva (Ifal)

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