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Reportagem de hoje aborda TAEs que adotam boas práticas em favor da equidade e promovem avanços pedagógicos para o ensino no Ifal

publicado: 17/11/2017 10h41, última modificação: 17/11/2017 20h44

Jhonatan Pino, Roberta Rocha e Gerônimo Vicente -j ornalistas

A matéria desta sexta-feira (17) da série Técnicos em Ação é voltada para servidores que focaram suas ações em avanços pedagógicos no Ensino e também em boas práticas relacionadas à equidade nos campi do Instituto Federal de Alagoas (Ifal). Inovações na metodologia de ensino-aprendizagem e mudanças nos padrões sexistas ainda existentes na escola são exemplos de atuações que vêm sendo tomadas como exemplo de uma atuação consistente, direcionada e sistematizada dentro do ambiente acadêmico. Como resultado deste processo, temos uma escola mais justa e que respeita a igualdade de direitos, além de ser propiciar patamares diferenciados de aprendizagem entre seus estudantes.

Ana Júlia Giurizatto, psicóloga do campus Murici desde 2013, e Francine Lopes, assistente social do mesmo campus há 5 anos, formaram uma dupla de integração profissional que transforma dia a dia as práticas da comunidade. Quando tomou posse, a psicóloga tinha como função colocar em prática as orientações da política de assistência estudantil a partir de atividades que envolvessem alunos e seus familiares. Lá, ela encontrou a assistente social e, juntas, elas perceberam que não podiam ficar restritas à execução dos programas de bolsas e auxílios da instituição, pois existiam demandas que não se restringiam aos ambientes escolares e eram consequentes de problemáticas de toda a comunidade ao redor do campus.

Também com a ajuda da pedagoga da unidade, à época, Mônica Costa, elas passaram a atuar de forma integrada e foram responsáveis pela criação de duas ações que visavam solucionar algumas das demandas da comunidade. O Grupo de Trabalho Educação Popular em Saúde e o Grupo Feminismo, Gênero e Diversidade nasceram após os relatos de alunas que sofriam assédio e tinham suas expectativas de gênero colocadas como pauta para a criação de piadas sexistas, tanto dentro das escolas como em seus bairros.

Anna Júlia disse que esse ambiente hostil torna mais difícil o desenvolvimento intelectivo e expressivo dos discentes. "Convidamos várias alunas que haviam relatado sofrer situações de violência de gênero dentro e fora da escola e também convidamos todas as estudantes que tivessem interesse no tema. Já havíamos trabalhado individualmente com algumas estudantes a questão dos direitos da mulher e da violência de gênero para contribuir com o enfrentamento das violências sofridas, mas era preciso desenvolver esta temática para que ela fizesse parte da cultura da instituição e que pudesse contribuir com mudanças nos padrões sexistas ainda persistentes na escola", relata a psicóloga.

Além das três profissionais e dos próprios alunos, o trabalho desenvolvido pelo grupo passou a ter a participação de docentes. “Trabalhamos cotidianamente com situações que ultrapassam os conhecimentos de uma única profissão. Por essa razão, procurarmos intervir em conjunto, seja na orientação aos pais, no acompanhamento dos/as estudantes quando a situação não é exclusiva da profissão, nas visitas domiciliares e visitas institucionais”, acrescenta Francine.

Com o tempo, o grupo Feminismo, Gênero e Diversidade, por exemplo, passou a contar com a participação de meninos que, juntos, passaram a organizar ações que refletiam a temática de gênero. Os grupos são momentos ricos para o compartilhamento de experiências e de reflexão sobre a melhor forma de trabalhar as questões abordadas. O mais interessante é que os/as estudantes estão sempre motivados a levar o debate, que é realizado internamente para toda a escola”, opina a assistente social. A visibilidade alcançada foi tão grande que eles estão sendo convidados para apresentar peças e esquetes teatrais, além de ministrar palestras em outras escolas de municípios, como União dos Palmares e no campus Arapiraca.

Ana Júlia destaca que, entre os resultados, as "brincadeiras" machistas e homofóbicas reduziram bastante. As situações de bullying, que eram constantes e naturalizadas, hoje não são toleradas no campus. "Isto fica evidente quando comparamos a quantidade de ofensas escritas nos banheiros e bancas da escola antes e atualmente. Docentes que faziam comentários e 'piadas' sexistas e homofóbicas têm mudado de atitude", pontuou. No Grupo de Trabalho Educação Popular em Saúde, a questão de gênero reapareceu: além da promoção de ações de pesquisa e extensão voltadas às questões de saúde e gênero, estas temáticas são percebidas como integradas às questões de opressão de classe e raciais: "Consideramos fundamental compreender que a luta por direitos não se encerra em temáticas específicas, mas está relacionada às diversas formas que a opressão se manifesta", conclui Ana Júlia.

Jirlene Barros é pedagoga do campus Rio Largo e adota práticas pedagógicas com foco em uma metodologia de ensino-aprendizagem inovadora na unidade. A servidora técnica administrativa foi responsável por adotar a prática da Pedagogia na instituição de ensino ao estabelecer planejamento e coordenação das reuniões com professores e alunos, o atendimento individual para docentes e discentes, reunir representantes de turmas e do grêmio estudantil, participar de comissões e atividades culturais, ministrar aulas de orientação didático-pedagógica e planejar reuniões com os pais dos alunos.

Graduada em Pedagogia, especialista em Ciências Sociais e mestre em Educação pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Jirlene Barros ingressou no Ifal em 2010, depois de ser aprovada em concurso público realizado no ano anterior. Ela foi lotada no campus Murici e, em 2015, foi removida para o campus Rio Largo. “Quando cheguei ao campus não havia pedagogo. O trabalho pedagógico era orientado pela professora Tâmara Bastos, chefe do Departamento Acadêmico, e o pedagogo, na minha opinião, tem uma função central no processo ensino-aprendizagem por ser responsável pela organização, articulação e mediação desse processo, contribuindo através da orientação didático-pedagógico aos docentes e discentes, promovendo reflexões sobre as práticas de ensino no intuito de ressignificar algumas práticas de ensino não exitosas. Nessa compreensão, mesmo com as dificuldades da falta de espaço do nosso campus (ainda no espaço provisório), tenho conseguido, com o apoio da direção geral e do chefe do Departamento Acadêmico, exercer atividades pedagógicas”, esclareceu a servidora.

Participar do planejamento e reuniões pedagógicas, bem como permanecer em constante diálogo durante todo o processo educativo são os métodos que Jirlene Baros conseguiu adaptar às atividades pedagógicas no campus Rio Largo. Os planos futuros envolvem o desenvolvimento de um projeto de ensino sobre a diversificação de metodologias de ensino e avaliação da aprendizagem. Quando perguntada sobre outras atividades realizadas extra-Ifal, a profissional faz questão de demonstrar sua relação com o instituto: “dedicação exclusiva ao Ifal”, destacou. Jirlene Monteiro coordena ainda o Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (Napne) no campus Rio Largo e é integrante da Comissão do Plano Estratégico Institucional de Permanência e Êxito dos Estudantes (Peipe) do Ifal.

A pedagoga Fabrícia Carla de Albuquerque é outro exemplo de TAE que se empenha em fazer da escola um lugar melhor. No Ifal desde dezembro de 2013, a profissional já atuou na coordenação de formação geral e na coordenação pedagógica do campus Maragogi, unidade onde está lotada. Com mestrado em Educação, ela se orgulha do dinamismo e dos desafios diários de sua atuação como pedagoga na instituição. "As ações são pensadas para três públicos: discentes, docentes e famílias, logo não é um trabalho solitário, leva em conta a coletividade, busca-se parcerias a todo momento: são reuniões com pais, recepção aos calouros, semana de planejamento com docentes, encontros pedagógicos, conselhos de classe consultivos e deliberativos, processo seletivo de monitores", exemplifica.

Mas sua trajetória no instituto não para por aí. Atualmente, Fabrícia desenvolve o projeto “Escrevendo cartas aos vereadores do Litoral Norte alagoano: protagonismo dos estudantes do Ifal – Campus Maragogi”. Esse trabalho é fruto da participação da pedagoga no programa Missão Pedagógica no Parlamento 2017, promovido pela Câmara dos Deputados, em Brasília. Entre 1.100 inscritos, a representante do Ifal foi uma das selecionadas para participar do módulo presencial de uma formação em Educação para Democracia, destinada a profissionais da educação pública e realizada na capital do país.

A partir disso, os participantes da missão se comprometeram em desenvolver uma ação de Educação para Democracia em sua comunidade escolar em consonância com os princípios vivenciados durante a formação. Em Maragogi, a culminância do projeto desenvolvido por Fabrícia ocorreu no último 8 de novembro, quando representantes do Poder Legislativo do município e de cidades vizinhas como Porto Calvo e Matriz de Camaragibe compareceram a um evento no auditório do campus para fazer considerações acerca das cartas redigidas por estudantes da unidade de ensino e entregues a eles com antecedência, além de socializar o trabalho que desenvolvem nas Câmaras, suas atribuições, projetos de lei, diálogos com a comunidade. "O objetivo era despertar curiosidade nos estudantes sobre as funções e ações dos vereadores de seus municípios, convidando-os ao protagonismo e ao despertar para a percepção de que democracia não se restringe ao sistema de eleições", comentou Fabrícia.

Além de estar à frente desse exercício de cidadania, a técnica participa do colegiado dos cursos de Agroecologia e Hospedagem, da Brigada de incêndio do campus, da Comissão para elaboração de projeto de curso Proeja e da Comissão Local do Plano Estratégico Institucional de Permanência e Êxito. "O Ifal é um marco na minha vida pois, ao mesmo tempo em que procuro contribuir com a instituição, ela tem me proporcionado muitos aprendizados e amadurecimento em diversos âmbitos", define.

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