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Quilombola ingressa em Novos Caminhos para entender políticas públicas e ajudar comunidade onde vive

por Roberta Rocha publicado: 15/09/2020 15h57, última modificação: 16/09/2020 01h51
Exibir carrossel de imagens José Oziel relata satisfação em aprender mais sobre direitos sociais

José Oziel relata satisfação em aprender mais sobre direitos sociais

O programa Novos Caminhos, ofertado pelo Instituto Federal de Alagoas - Ifal, está levando novos conhecimentos à vida de mais de 3.600 estudantes matriculados em cursos gratuitos de formação inicial e continuada totalmente on-line. Alguns desses aprendizados já estão sendo usados pelos alunos em benefício próprio para iniciar pequenos empreendimentos pessoais. Mas também há casos em que os saberes adquiridos são colocados à serviço da coletividade.

No que depender do estudante José Oziel Troquato, que ingressou no curso Agente de proteção social básica, vai ser assim na comunidade quilombola Izabel, localizada no sítio Lagoa da Pedra, em Bom Conselho/PE. "Um pouco do que aprendi vou transmitir. Porque a união é que faz a força", defendeu o morador da região e vice-presidente da Associação Quilombola Izabel. 

Em vídeo, Oziel expôs como se sente motivado em aprender mais sobre direitos sociais e políticas públicas a fim de atuar em prol de melhores condições de vida para a comunidade onde vive. "Aqui são cerca de 200 pessoas quilombolas. Eu sempre auxiliei, ajudava dentro da comunidade com trabalho voluntário. E eu via dentro da comunidade a situação, que precisava de uma melhoria. A gente tem que reivindicar os direitos, então eu escolhi essa área. É um trabalho que diretamente você está lutando pela população, reivindicando os direitos das pessoas", comentou.

Ao longo do curso, o quilombola percebeu não só a necessidade de conhecer a fundo os mecanismos de proteção social garantidos pela legislação, mas de repassar as informações adquiridas na tentativa de alcançar um maior engajamento da população na luta por direitos. "Esse curso deixa a mente da gente muito clara. (...) De transmitir aquilo, que aquelas pessoas ainda não entendem qual o seu direito, não sabem o seu papel, o seu direito de cobrar". 

Vivendo em uma localidade com dificuldade de acesso à internet, o estudante contou que não é de hoje que enfrenta adversidades para conseguir educação e crescimento profissional. De situações em que precisou atravessar o rio para frequentar a escola onde concluiu o ensino médio à vivência de preconceito racial, ele tem resistido com esperanças no futuro. "Meu sonho também é um dia conseguir fazer Serviço Social".

Professora Helisabety MeloPara a professora formadora Helisabety Melo, trabalhar no curso de Agente de proteção social básica, com públicos inclusive em situação de vulnerabilidade social, a exemplo de Oziel, vem sendo uma experiência desafiadora."Exigiu de nós, professores, uma competência comunicativa. A gente precisava criar materiais e conteúdos que tivessem um potencial de comunicação. Foi um grande aprendizado, uma troca bem interessante e valeu muito a pena", afirmou a docente. Pobreza, exclusão, desigualdade social, projetos inclusivos, direitos sociais e políticas públicas constam entre os temas abordados em sala de aula pela profissional.

Novos olhares na pandemia - Nem todos os cursos oferecidos pelo Novos Caminhos do Ifal tratam diretamente de tópicos que se vinculam ao dia a dia da população brasileira e apontam para transformações sociais como o curso referido. Mas eles, em geral, contribuem para transformações no âmbito pessoal e profissional de estudantes, docentes e tutores envolvidos. Foi o que observou a coordenadora do programa Dilliani Barros.

Comunidade Quilombola Izabel do Sítio Lagoa da Pedra, em Bom Conselho-PE"Eu tenho vários relatos de pessoas que perderam parentes com Covid, passaram na seleção de professores e falam comigo 'olha, esse curso tem sido o meu alento, ao invés de eu ficar sofrendo, pensando nas minhas perdas, eu vou preparar aula, vou dar aula, tem sido ocupação para minha cabeça, tem feito muito bem e se não fosse essa seleção, eu não sei o que eu estaria fazendo hoje'", relatou.

Além da repercussão na saúde mental dos participantes nesse momento de pandemia, a gestora percebeu os impactos econômicos advindos da implantação do programa, que atualmente conta com 158 bolsistas contratados, entre docentes e outros profissionais. "Tenho vários relatos de pessoas desempregadas: as escolas fecharam, foram mandados embora e graças a essa seleção, eles têm alguma renda. E isso também é algo que nos traz um peso, uma responsabilidade muito grande. É gratificante".

Sobre o programa - O Novos Caminhos é uma ação do Ministério da Educação voltada a promover a educação profissional e tecnológica a distância em todos o país, durante o período de isolamento social em razão da pandemia de coronavírus.

As vagas no Ifal foram ofertadas, via sorteio eletrônico, por meio dos editais nº 63/2020 da Pró-reitoria de Ensino e nº 08/2020, da Pró-reitoria de Extensão. Os cursos possuem carga horária entre 160h e 300h, contemplando diversas áreas do conhecimento. Saiba mais na página do Novos Caminhos - Ifal.  

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Veja o vídeo com o depoimento do estudante José Oziel: