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Ifal se reinventa para lidar com dificuldades em ano de pandemia

O ensino, a extensão e a comunicação remota tornaram-se chaves para a continuidade das ações

por Jhonathan Pino publicado: 19/03/2021 11h40, última modificação: 19/03/2021 15h21

Há exatamente um ano, 19 de março de 2020,  o Colégio de Dirigentes do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) tomava a decisão de suspensão das atividades presenciais, em virtude da pandemia da Coronavírus 19, decretada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O momento era de muitas dúvidas, pois não se sabia exatamente como e quando tudo voltaria à normalidade, mas a questão sanitária exigia que a administração pensasse de forma rápida sobre como dar andamento às atividades com o menor prejuízo para a sociedade alagoana.

Com a suspensão das atividades presenciais, as primeiras medidas tomadas pela gestão foram informar aos diversos públicos sobre o que era e como evitar a doença. Nesse sentido, o Departamento de Comunicação e Eventos (DCE) passou a reunir todo o conteúdo produzido por servidores nas unidades.O Ifal ajudou a construir parte das quase 2 milhoões de iniciativas contra a Covid-19, tomada por membros da Rede Federal.jpg

As informações coletadas foram de diversas ordens: questões de saúde e o atendimento psicológico passaram a ser disponibilizados pelo Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (Siass) e pelas coordenações de Assistência Estudantil dos campi.

Por outro lado, professores se reuniram para desenvolver produtos que ajudassem os alunos a pensarem sobre a pandemia, como vídeos e textos sobre a História, expressões idiomáticas e a manutenção de rotinas escolares. Tudo isso foi veiculado nas diversas mídias utilizadas pela instituição.

Outros servidores, juntos há alguns alunos, colocaram as mãos na massa e partiram para recolher alimentos, à manufatura de máscaras e à produção e doação de álcool e desinfetante. Muitos desenvolveram produtos, como pulseira de baixo custo contra a Covid-19, métodos de diagnóstico e prevenção da doença ou protótipos de respirador mecânico.

Além de integrar as quase 2 milhões de ações da Rede Federal, duas destas iniciativas foram selecionadas por editais do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), em parceria com a Secretária de Educação Profissional e Tecnológica (Setec), ligada ao Ministério da Educação. As duas iniciativas selecionadas passaram internamente por uma seleção interna articulada pela Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação (PRPPI) e a Pró-reitoria de Extensão (Proex). É possível rever tudo isso clicando aqui.

Passagem para o mundo digital

Paralelo àquelas ações, diversos setores do Ifal passaram a pensar de que forma servidores e alunos continuariam suas atividades, embora distantes fisicamente. Ainda em março, a Pró-reitoria de Administração (Proad) finalizou a implantação da tramitação eletrônica dos processos. Por meio do Processo Eletrônico Nacional (PEN) foi viabilizado o trabalho remoto dos servidores, permitindo a continuidade das atividades laborais durante o período da pandemia.

"Um facilitador foi o fato do Ifal já ter implantado o processo eletrônico em fevereiro de 2020, por meio da Portaria nº 885, agilizando o fluxo de tramitação de processos na instituição. Associado a isso, a Pró-Reitoria de Administração publicou a Instrução Normativa nº 03, em que se propôs a orientar os Campi e Reitoria quanto à adoção de procedimentos para digitalização de processos físicos no âmbito do Instituto. Com essa ação gradativamente os processos passaram a ser convertidos em eletrônico, agilizando a tramitação", recorda Adriana Nogueira, diretora de Gestão de Pessoas (DGP).

A gestora lembra que além disso, o Ifal demonstrou preocupação com as condições de trabalho dos servidores, disponibilizando os recursos necessários para aqueles que não possuíam em suas residências a estrutura tecnológica para execução de suas tarefas e foram criadas regulamentações com a ideia de atender às orientações  do Governo Federal quanto aos processos de gestão durante este período de pandemia. 

Ainda com a preocupação de promover a saúde e segurança, o Siass realizou a formação de mais de 250 servidores e terceirizados, para que estivessem preparados para o exercício das atividades presenciais durante a pandemia e que os serviços essenciais pudessem ser realizados em segurança. "A equipe técnica do Siass elaborou diversas ações direcionadas para os servidores, com o propósito de fornecer suporte, por meio de informações técnicas, e a fim de auxiliar no enfrentamento à Covid-19", detalha Adriana.

Já a Proex pensou, desde o início, em ações que demandassem apenas o engajamento digital. O Concurso Mídias Digitais – Arte e Cultura foi a primeira delas, lançada no mês de abril. Ela reconheceria trabalhos de fotografia e vídeo produzidos por alunos da instituição. Veja aqui os vencedores. 

Ao longo do ano, outras ações foram pensadas sempre no sentido de manter o contato remoto entre os extensionistas. A assessora da Proex, Dilliani Barros, comenta que alguns editais tiveram que ser suspensos. “Entretanto, a gente deu a possibilidade de o proponente ajustar a sua ideia de extensão à nova realidade: então eles tiveram um prazo maior; puderam fazer ajustes no calendário, transformar ações presenciais em ações virtuais, quando fosse possível”, comenta.

Desde então, para a realização das ações, os proponentes têm que preencher formulário, atestando que ele estão seguindo todas as normas sanitárias do plano de contingência do Ifal. “Existe esse compromisso de nossos extensionistas em fazer a extensão com segurança”, acrescenta Diliane.

Também em abril, a Proex lançou as inscrições para os cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC), por meio Programa Novos Caminhos, que foi desenvolvido em parceria com o Governo Federal e oportunizou, em um primeiro momento, 2.420 vagas disponíveis para cursos em diversas áreas.

“Esses cursos foram de capacitação para ajudar aos profissionais que quisessem retornar ou melhorar suas atribuições para as suas competências no mundo do trabalho. Eles foram escolhidos de acordo com a demanda da sociedade. Em um primeiro momento, os professores e diretores do Ifal propuseram os cursos; em um segundo momento, foi feita uma consulta à sociedade”, comenta a servidora.

Conforme Diliane, os cursos, nesse formato virtual, provocaram um alcance muito maior do Ifal, eles atraíram estudantes de 428 municípios de todo o país, além do exterior, em 2020. O número do último ano é significativamente maior que o de  2019, quando foram alcançados 53 municípios, com a extensão tradicional presencial.

Para a Proex, esses dados apontam para um novo paradigma dos cursos de extensão no Ifal, que a partir de então deverá ofertar editais que combinem ações presenciais e remotas.

“Nesse ano, de forma forçada pela pandemia, foi mostrado o alcance que tem a extensão EAD. De que ela é sim possível, fazer uma extensão de qualidade, com um alcance muito maior: antes ele era local, ou regional, agora ela é nacional. Nós tivemos alunos até de outros países fazendo cursos. Então, é sim possível trabalhar essa oferta 100% EAD. Agora já estamos articulando o Artifal: o programa de artes do Ifal vai funcionar no formato 100% EAD”, planeja Diliane.

Ensino Remoto Emergencial

Se na Extensão os editais foram imediatos, no ensino, as ações tiveram que ser planejadas, para que ninguém fosse deixado para trás. Dessa forma, a Pró-reitoria de Ensino (Proen) lançou os programas Auxílio Conectividade e Alunos Conectados, que possibilitaram a concessão de auxílio financeiro para que os estudantes pudessem realizar a compra de equipamentos e a contratação de internet, além da disponibilização de tablets e chips.

"Diversos programas da Assistência estudantil  foram suspensos, considerando a suspensão das aulas presenciais e o recurso foi realocado, principalmente, para o auxílio conectividade.  Dessa forma, possibilitamos a manutenção do vínculo institucional,  com acesso ao ensino remoto emergencial, contribuindo para a permanência e conclusão do estudante", ressalta a diretora de Políticas Estudantis, Emanuelle Gaia.

Mas para que o ensino remoto pudesse dar certo, também era necessário que os docentes estivessem familiarizados com as ferramentas disponíveis. Por isso, a partir da Formação Continuada, foram ofertadas aos professores quatro oficinas focadas no uso pedagógico do SIGAA e no pacote Google Educação. Essa ação preparou docentes para o início do Ensino Emergencial Remoto, aprovado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) no dia 28 de agosto.

A professora Sheyla Marques foi uma das docentes envolvidas na capacitação desses servidores. Para ela, tratou-se de uma oportunidade para a ressignificação do ensino-aprendizagem no Ifal.

“A proposta era justamente dar esse suporte para o uso do SIGAA; a parte pedagógica envolvida do sistema e suas ferramentas, mas unindo com Metodologias Ativas, que foi outro curso que pensa na ressignificação das práticas pedagógicas. Ter um conhecimento das ferramentas não é simplesmente aplicá-las, por meio de jogos na aula, por exemplo. Na verdade, é você ter a intencionalidade do porquê que está fazendo aquele jogo, qual é a importância dele na aula”, detalhou Sheyla.

Para a docente, após a formação, cada um foi se adaptando e consumindo aquela ferramenta que havia criado mais afinidade. As oficinas também acabariam estimulando a autonomia estudantil para a construção do conhecimento.

Como os alunos também precisavam ser familiarizados com as ferramentas, foram ofertadas semanas de ambientação em cada campus, para que cada um deles pensasse as tecnologias de acordo com sua própria especificidade.

“O ensino tradicional, de certo modo, acaba podando essa autonomia, porque a gente vai direcionando o caminhar do aluno. No ensino remoto, por outro lado, a gente perde esse controle, porque depende muito da autonomia deles, dos horários que ele está construindo para estudar”, comenta Sheyla.

Maior fluxo de informação nas redes

Assim como as ações de extensão e ensino, a transmissão dos eventos online se tornou constante. O canal oficial do Ifal e os canais das unidades tornaram-se plataformas de uso cotidiano para realização de oficinas, palestras, ou mesmo encontros nacionais. Por meio deles, foram transmitidos dezenas de eventos como o 3º Encontro Nacional da EJA-EPT (Proeja) da Rede Federal, a Semana , o Webinar sobre o Programa de Mobilidade Acadêmica Internacional e a Mesa Temática sobre os desafios de ensino remoto na EJA-EPT/Ifal.

A relações públicas, Luciana Fonseca, reforça que os eventos são planejados pelos setores, juntamente com o DCE e a Diretoria de Tecnologia da Informação (DTI), que prestam todo o suporte técnico para que os docentes possam realizar as conferências online de um modo mais natural. No entanto, há outros fatores que dificultam o andamento das atividades.

“Lidar com eventos online é muito difícil, porque a gente não pode garantir que a internet, a energia elétrica ou as demais especificações técnicas dos envolvidos irão funcionar 100%. Por mais que nos organizemos previamente, em todos os eventos remotos contamos com a incerteza de não sair conforme o planejado, seja pela instabilidade na rede da conexão ou pela queda de energia na região onde palestrantes se encontram; então, sempre temos que ser proativos e nos adaptar a esses novos imprevistos”, alertou Luciana.

Quando o evento demanda um público mais restrito, usa-se o Google Meet. Por meio dele foram realizadas as aulas inaugurais, as colações de grau, as posses de servidores, além das atividades de colegiados da instituição. Uma dessas ações foi organizada PRPPI. Em agosto, o público pôde conhecer mais de 40 projetos de pesquisa desenvolvidos e financiados pelo instituto no VII Encontro de Inovação, Tecnologia e Iniciação Científica do Ifal (VII Eitic), por meio desta plataforma.

As atividades realizadas pelo Ifal são divulgadas tanto pelo portal da instituição, como também pelas redes sociais, que se transformaram em verdadeiros canais de comunicação direta dos diversos públicos com o Instituto. Além da RRPP, uma equipe de jornalistas do Ifal, em conjunto com agentes de comunicação nas unidades, tentam atender à demanda contínua de busca por informações de toda ordem.

“As redes sociais sempre exerceram uma função semelhante ao SAC, como se fossem um Serviço de Atendimento ao Consumidor online. Com a pandemia e o trabalho remoto, essa realidade é potencializada, porque todas as dúvidas, sugestões e reclamações dos usuários são encaminhadas pelas redes sociais. Com isso, o fluxo aumentou bastante e a gente tem direcionado nossos seguidores para as vias corretas, até mesmo para conscientizar que questões acadêmicas e/ou burocráticas não devem ser resolvidas pelo Instagram. Estamos nas redes sociais para facilitar a divulgação e a comunicação da instituição com os nossos públicos e o desafio é grande”, pontuou Luciana.

Em comunicado nas redes, na quinta-feira, 18, o reitor do Ifal, Carlos Guedes, refletiu sobre os desafios da instituição nesse momento.Carlos Guedes se solidariza com as vítimas da Covid-19.jpeg

"Após um ano de pandemia, ainda nos deparamos com o aumento do número de casos e em estado de apreensão e enfrentamento da Covid-19. Nesse momento, ainda precisamos permanecer distantes, mas é preciso manter a esperança de dias melhores, por meio do exercício do distanciamento social, o uso obrigatório de máscara e a conscientização do cuidado com o outro. O Instituto Federal de Alagoas se solidariza com toda a sua comunidade pelas perdas e danos causados pela pandemia. Pedimos aos nossos servidores, alunos e a toda a sociedade alagoana que redobrem seus cuidados e se mantenham firmes nas medidas de segurança, pois só assim poderemos reverter esse quadro e vencer essa batalha!", disse o reitor.