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Docente do Campus Piranhas publica artigo em um dos periódicos mais conceituados do país

Trabalho analisa a persistência da concentração fundiária em Alagoas

publicado: 18/09/2020 09h26, última modificação: 18/09/2020 09h26

Nesta terça-feira, 15, o professor Claudemir Martins, do Campus Piranhas, teve um artigo publicado pela revista científica GEOgraphia. “A concentração fundiária como uma das faces da contrarreforma agrária no Brasil: a reprodução do latifúndio e do minifúndio no campo alagoano” é o título do trabalho veiculado em um dos periódicos mais importantes da área de Geografia no país, realizado pelo Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF) e classificado como Qualis A2.

O trabalho é produto da tese de Claudemir, “A resistência do campesinato assentado em uma formação territorial marcada pela contrarreforma agrária : da luta pela terra à luta para permanecer no território dos assentamentos rurais no Sertão alagoano”, que também está em processo de finalização para ser publicado, no formato de e-book, pela Editora da Universidade Estadual do Ceará (EdUECE).

O artigo foi realizado em coautoria com a professora Mõnica Cox, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde fez o doutorado. Nele, Claudemir problematiza a não realização da reforma agrária no Brasil e demonstra as consequências da perpetuação da concentração fundiária no campo brasileiro e especificamente sua repercussão no espaço agrário alagoano.

Com a publicação do trabalho, os autores querem disseminar o debate “acerca da urgente necessidade de o Estado e dos governos, do federal ao estadual, realizarem uma verdadeira política de reforma agrária no país, que resolva o caráter antidemocrático do acesso, posse e uso da terra e demais bens comuns naturais”, comenta Claudemir.

Dados da pesquisa

Ao longo da investigação, foi realizada uma análise da estrutura fundiária alagoana, entre os anos de 1985 e 2014 e foram discutidos os fatores que impedem as mudanças nas estruturas fundiárias no país.

Uma das hipóteses levantadas pelo pesquisador é que há uso constante da violência pelos grandes proprietários, como forma de apropriação primitiva do capital, o que repercute no assassinato de membros do movimento campesino, principalmente onde maior a sua atuação, na zona da mata e no litoral alagoano. O resultado desse quadro é a continuidade da concentração fundiária em Alagoas, seja por meio de latifúndios ou minifúndios.

“Em 2014, apenas 126 grandes imóveis rurais, com área acima de 1.000 hectares cada um, concentram sozinhos 227 mil hectares de terras agricultáveis, já as pequenas propriedades, com menos de 10 hectares de área, que somam 27.668 imóveis rurais, possuem apenas 113 mil hectares. Essa concentração da terra tem impactos diretos no processo de escassez e na elevação do preço dos alimentos da cesta básica, bem como, nos conflitos fundiários no campo, graves problemas que a sociedade enfrenta na atualidade”, aponta o professor.