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Setembro Azul: Ifal debate educação inclusiva para alunos surdos

Mês é marcado por datas histórias de lutas e conquistas para a comunidade surda

por Gabriela Rodrigues publicado: 30/09/2020 18h48, última modificação: 02/10/2020 14h01
Exibir carrossel de imagens A difusão da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS é um marco para a acessibilidade de alunos surdos

A difusão da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS é um marco para a acessibilidade de alunos surdos

Aula do curso de LIBRAS no Ifal MaceióO mês de setembro foi considerado o mês da visibilidade da Comunidade Surda, uma ação que traz conscientização e homenagens a essa população, em virtude de alguns marcos históricos em relação à luta dessas pessoas por acessibilidade e inclusão. Sendo assim, diversos eventos foram promovidos no mês de setembro para uma maior conscientização sobre a Comunidade Surda e também para comemorar as conquistas obtidas por essas pessoas ao longo dos anos. Chamado de "Setembro Azul", o mês traz referências a momentos marcantes da história da comunidade surda: No dia 06/09 foram completados os 140 anos do chamado “Congresso de Milão”, uma conferência internacional entre educadores de surdos, na qual ficou declarada que a educação oralista mais apropriada que à de língua gestual na educação de pessoas surdas, o que foi considerado um momento obscuro e complexo na história da comunidade surda, e um marco de resistência e lutas para fortalecimento e difusão da comunicação gestual. O 10/09 foi considerado o dia mundial da Língua de Sinais, o dia 26/09 foi o Dia Nacional dos Surdos e o dia 30 é o Dia Mundial do Tradutor e Intérprete de Libras e o Dia Internacional do Surdo.

O aluno de Química do Ifal Maceió Allan César dá o seu recado destacando a importância do Setembro Azul!

Produto educacional foca na formação de professores que atendam necessidades de alunos surdosCom toda a luta por mais visibilidade e respeito, a Comunidade Surda conquistou alguns pontos importantes na garantia de seus direitos e novos espaços de acesso, inclusive nas escolas. No Instituto Federal de Alagoas, algumas ações põe em debate a inclusão e acesso de mais estudantes surdos à educação profissional e tecnológica. No Instituto Federal de Alagoas (IFAL), até o ano de 2018, foram incluídos aproximadamente 10 alunos surdos em seis Campi: Maceió, Marechal Deodoro, Arapiraca, Santana do Ipanema, Coruripe e Murici. Ao realizar pesquisa pelo programa de Mestrado em Pós-Graduação Profissional e Tecnológica – ProfEPT, a servidora do Ifal/Reitoria e mestra em Educação Profissional e Tecnológica Melissa Rossana Menezes constatou que, embora que a existência de vagas para a comunidade surda nos espaços escolares, representado um avanço para a inclusão na Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, é preciso investigar de que modo esse processo tem se efetivado, de forma a garantir o acolhimento e a permanência desses estudantes nos espaços escolares.

A partir de uma pesquisa diagnóstica enfocada no tema, foi desenvolvida a dissertação “Formação de Professores para promoção da inclusão escolar de alunos surdos no contexto da Educação Profissional e Tecnológica de Nível Médio”, com ênfase na formação docente direcionada ao processo de inclusão escolar dos alunos surdos de um Curso Técnico de Nível Médio Integrado de um dos Campi do Instituto Federal de Alagoas. A partir da pesquisa realizada com docentes do Instituto, foram detectadas lacunas no processo de exclusão dos alunos com deficiência auditiva, entre essas, a falta de acolhimento no ingresso do aluno surdo, a carência de  planejamento pedagógico adaptado à cultura surda, a necessidade de contratação de mais tradutores  e de intérpretes de Libras para acompanhamento e de suporte das atividades curriculares e a ausência de uma formação continuada sobre a inclusão escolar para os professores. “Com esses resultados, foi possível a elaboração de um produto educacional”, disse a pesquisadora, autora do produto educacional “Formação de Professores para a Inclusão de Alunos Surdos no Instituto Federal de Alagoas”,

O produto gerado por Melissa e orientado pela professora Ana Paula Fiori é uma proposta de Curso de Formação de Professores para a inclusão escolar de alunos surdos foi elaborado no formato semipresencial, com carga horária total de 20 horas, sendo 18 horas de atividades a distância, com um Professor Tutor, e 2 horas destinadas a um encontro presencial no campus entre o Tradutor e Intérprete de Libras (TILS) e os participantes. O objetivo do produto educacional é promover, por meio do conhecimento sobre a surdez, cultura surda e metodologias de ensino adaptáveis, práticas docentes que permitam os professores das turmas com alunos surdos desenvolverem o conteúdo de suas disciplinas em consonância com os princípios da inclusão escolar. A prática pode ser adotada por diversos campi do Ifal que lidem com alunos surdos.

Necessidades de alunos surdos também está em foco no manual sobre os paradigmas da inclusãoTambém resultante de pesquisa no ProfEPT/Ifal, o produto educacional Manual Pedagógicos sobre os Paradigmas de Inclusão  e Necessidades Educacionais Específicas, da servidora do Ifal Piranhas e mestra em Educação Profissional e Tecnológica Taiza Lima da Cunha, põe em destaque a questão de acessibilidade para alunos surdos. “Algumas estratégias educacionais poderão facilitar as aprendizagens junto aos alunos com deficiência auditiva, como falar em ritmo gradativo, falar sempre de frente para o aluno, utilizar materiais didáticos e recursos que facilitam a compreensão como a comunicação alternativa e aumentativa, utilização de pranchas, cartões de comunicação, e incentivar os demais alunos a buscarem se comunicar com os alunos com deficiência auditiva”, destaca a autora, em seu produto educacional, orientado pela professora Géssika Cecília Carvalho.

O tema para o produto educacional desenvolvido por Taiza foi desenvolvido após pesquisa realizada sobre os paradigmas educacionais do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas do Instituto Federal de Alagoas – NAPNE. O tema da deficiência auditiva aparece como o segundo tópico do capítulo sobre orientações gerais de como trabalhar com necessidades educacionais específicas, especialmente nos campi do Ifal onde há alunos com esta demanda.

Curso de Extensão

Curso de extensão forma professores para melhor atendimento ao surdo no contexto escolar“Coroando” o mês Setembro Azul, uma outra ação que põe em destaque a educação inclusiva de alunos surdos é a realização do curso de extensão “O surdo no contexto escolar: questões linguísticas, psicossociais e didáticas”, iniciado no dia 29/09, na modalidade EaD. A atividade é  uma parceria da Direção de Extensão, Pós-Graduação, Pesquisa Inovação do Campus Maceió - DEPPI/Ifal com a 1ª Gerência Regional da Secretaria Estadual de Educação - GERE e o Centro de Capacitação e Atendimento às Pessoas com Surdez – CAS, e é voltado para docentes do Ifal e da rede pública estadual e municipal. O enfoque do curso de extensão, desenvolvido e ministrado pela pedagoga Danielly Caldas, do Ifal Campus Maceió, é o desenvolvimento de saberes sobre estudantes surdos, visando à sua inclusão e maior acessibilidade no ambiente escolar.

Professor Max Charridy com tradutores e intérpretes de LIBRAS no Ifal MaceióO professor de LIBRAS e coordenador do NAPNE do Ifal Maceió Max Charridy destaca que o mês de setembro é de alusão às lutas e avanços da comunidade surda, mas o debate, as reflexões e o respeito à acessibilidade devem ser permanentes: ”Setembro é um mês repleto de significados, conscientização e homenagens, mas também de reflexões. E o NAPNE dá os parabéns aos alunos surdos presentes em nos diversos campi do Ifal não só em virtude dessa data, mas de todas as conquistas desta comunidade”.

Setembro Azul: Opressão e resistência

A cor azul possui um significado que para muitos pode ser triste, mas também pode ser encarada como um símbolo de orgulho e resistência da Comunidade Surda. Durante a Segunda Guerra Mundial os nazistas identificavam as pessoas com deficiência com uma faixa azul no braço, por considerá-las inferiores. E os surdos também eram obrigados a usá-la. Com o fim da guerra e o passar dos anos, a cor passou a simbolizar ao mesmo tempo a opressão enfrentada pelos surdos e o orgulho da identidade surda. Afinal de contas, apesar dos grandes problemas do passado e das barreiras atuais, a identidade surda continua forte como nunca!

Décadas depois, em 1999, a fita azul voltou a ser usada pela Comunidade Surda, mas agora como um símbolo do orgulho de ser surdo e fazer parte de uma população com uma história riquíssima. No XIII Congresso Mundial da Federação Mundial de Surdos sediado na Austrália, a Cerimônia da Fita Azul (Blue c-ribbon Ceremony) teve lugar. A Cerimônia foi uma lembrança e uma homenagem aos surdos vítimas de opressão no período do holocausto, e também a primeira vez que a fita azul foi utilizada com orgulho. O pesquisador britânico e especialista em cultura surda dr. Paddy Ladd, também surdo, foi quem iniciou a prática do uso da fita azul como símbolo do movimento, que se tornou depois símbolo de orgulho e resistência para essa população.