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Ifal expõe trabalhos de diversas áreas do conhecimento no último dia do CBEU 2016

publicado: 12/09/2016 13h26, última modificação: 14/09/2016 13h58
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Experiência do Ifal Arapiraca atraiu a atenção na mostra de banners

O Congresso Brasileiro de Extensão Universitária (CBEU) encerrou na última sexta-feira (9), em Ouro Preto/MG, com uma programação marcada por apresentações orais e em pôsteres, minicursos, palestras e a conferência final conduzida pela coordenadora do projeto Irê Ayó, Vânia Machado. Estudantes e servidores do Instituto Federal de Alagoas - Ifal figuraram entre os expositores e espectadores do último dia do evento, com trabalhos produzidos em diversas áreas do conhecimento.

Algumas iniciativas no campo cultural chamaram a atenção. Uma delas foi a da estudante Marília Alvim, do Campus Maceió, responsável pela disseminação de conteúdos sobre patrimônio cultural em uma escola municipal do bairro Salvador Lyra, na capital alagoana. Por meio desse projeto de extensão, 30 alunos de 10 a 16 anos tiveram acesso a discussões sobre comidas típicas, manifestações artísticas, herança cultural, árvore genealógica e arqueologia.

"Desenvolvemos atividades dentro e fora da sala de aula, como visitas a edificações consideradas patrimônios arquitetônicos de Maceió. Temos em mente a elaboração de uma cartilha, para que todos esse conhecimento não se perca", detalhou a bolsista. 

O trabalho da professora de Artes do Ifal Coruripe, Maria José Oliveira, se detém igualmente no objetivo de enriquecer o repertório cultural das pessoas. "Tupy or not tupy: ações afirmativas para reconhecimento das práticas culturais brasileiras" é o título do projeto apresentado por ela no CBEU 2016, onde está relatada a proposta do Cine Clube do Pontal, prática de exibição de filmes para a população de Pontal do Coruripe. 

"Essa atividade é fruto de uma investigação acerca do repertório artístico-cultural de alguns estudantes da localidade. Depois de traçar um diagnóstico, começamos a promover sessões fechadas de cinema em escolas e associações comunitárias, atendendo em média 25 pessoas por exibição. Todo o projeto é voltado para a comunidade externa de Pontal e pretende servir de instrumento de reflexões sobre arte e cidadania", contou Maria José.

Quem também expôs no CBEU 2016 uma ação extensionista de âmbito cultural foi o professor de história do Ifal Murici, Fábio Castilho. O projeto do docente consistiu em disseminar, junto à comunidade de Murici, os resultados da pesquisa sobre o processo de abolição na imprensa periodista alagoana nos anos de 1870 a 1988. Ao analisar o tema em quatro dos principais jornais da época, Fábio Castilho preparou uma série de intervenções, reunindo oficinas, minicursos, palestras e material didático, para discutir o regime escravocrata no Brasil, seus reflexos na constituição da sociedade atual, racismo e a contribuição da cultura africana na formação da identidade nacional.

Meio ambiente

A preocupação com o meio ambiente tem sido ponto de partida para diversos projetos de extensão desenvolvidos no Ifal. Exemplo disso é a iniciativa protagonizada pela aluna Natália Lorrana Bonfim, do Campus Penedo. Seu projeto defende a incorporação de resíduos de baixo custo, como o bagaço da cana-de-açucar, por exemplo, na alimentação dos cavalos utilizados no Centro de Reabilitação e Equoterapia Santa Clara, espaço terapêutico voltado ao tratamento de crianças deficientes.

De acordo com Natália, esse método barateia os custos da alimentação dos equinos, quando comparado ao uso de feno, e favorece a digestão do animal, regulando o funcionamento do intestino devido ao alto teor de fibra presente no bagaço. "O mais interessante da minha experiência no CBEU foi a sugestão de um professor que assistiu minha apresentação, de produzirmos feno por conta própria, para alavancar os resultados de economia para o Centro. Não precisa de muito maquinário e ele ainda disponibilizou o próprio contato para estabelecermos um elo com o trabalho dele", acrescentou.

Outras duas iniciativas na área ambiental tiveram destaque nas apresentações do último dia de congresso, ambas oriundas do Campus Murici. Os alunos Nataniel Filho e Natália Ferreira de Barros expuseram um projeto focado na redução do descarte inadequado de óleo de cozinha.

Os procedimentos adotados nessa ação englobaram a conscientização de comerciantes locais, que cedem o óleo utilizado em seus estabelecimentos, a produção de sabão ecológico a partir do material recolhido e o envolvimento de famílias de assentamentos rurais e estudantes de educação básica do município no processo.

"Além de devolver o produto final aos comerciantes, estabelecemos diálogo com possíveis multiplicadores da ideia. Dessa forma, capacitamos moradores de assentamentos rurais para produzir também o sabão ecológico. Tanto como uma alternativa para reduzir os gastos em casa ou até mesmo para ganhar dinheiro com a venda desse sabão", esclareceu Nataniel. 

Já no projeto da extensionista Isabelle Louise Lima, a meta era articular o uso de técnicas agroecológicas em plantações do povoado Porto Velho, em Murici, de modo a aprimorar a agricultura convencional. "Nós fizemos o cadastro dos agricultores, perguntamos os principais problemas para o cultivo, visitamos as propriedades para observar in loco e, depois de realizar pesquisas sobre meios agroecológicos de superar tais dificuldades, voltamos para levar esse conhecimento a eles", narrou a estudante. Segundo ela, também foram distribuídos material informativo com conceitos básicos e formas de manejo adequado das plantações. 

Saúde e segurança

Mais voltado ao cenário de tecnologias e produção, a iniciativa de Maycon Gomes, também do Ifal Murici, abrangeu a aplicação do conhecimento agroindustrial com relação às boas práticas de manipulação dos alimentos, especialmente o leite. O intuito foi de garantir a capacitação de merendeiras de escolas públicas no preparo da alimentação segura e sem riscos de contaminações. "Para isso, aplicamos pesquisas, demos palestras, cartilhas informativas e nos reunimos com a direção das instituições de ensino para buscar melhorar as condições do ambiente de preparo dos alimentos, pensando na saúde do consumidor final", resumiu.

Do Ifal São Miguel dos Campos, a professora do curso de Segurança do Trabalho, Flávia Bartira, abordou a segurança doméstica em sua exposição. A profissional relacionou os riscos de acidentes com eletricidade, produtos químicos, quedas e queimaduras, dentro das residências, e demonstrou como esse tema vinha sendo trabalhado com crianças do 6° e 7° ano em uma escola pública miguelense. 

Educação

Não faltaram propostas na área de Educação entre as apresentadas por estudantes e servidores do Ifal, na sexta-feira, em Ouro Preto. O professor do Campus Rio Largo, Leonardo Bruno Medeiros, na ocasião, falou do uso de sucata eletrônica na construção de dispositivos robóticos com alunos de 13 a 15 anos, do ensino fundamental da Escola Tradutor João Sampaio. Ele orientou os bolsistas a trabalharem no sentido de despertar o interesse pela iniciação científica nos participantes desse projeto.

"Utilizamos como matéria-prima gabinetes de computadores, impressoras, estabilizadores, mouses, teclados, celulares, aparelhos de DVD e rádios inutilizados para lidar com conceitos básicos de eletricidade, eletrônica e mecânica, bem como conscientizar sobre reaproveitamento de lixo eletrônico e seu correto descarte", disse ele, ao relatar a construção de robôs e outros produtos tecnológicos inovadores por meio do projeto. 

Estimular alunos da rede pública ou oferecer suporte de aprendizagem é ponto alvo de muitos projetos extensionistas do instituto. Do Ifal Arapiraca, esteve presente o aluno Eduardo Silva, responsável por expor o projeto "Escola de super-heróis", através do qual são ministrados cursos de criação de personagens e realizadas rodas de leitura para incentivar o gosto pela leitura, interpretação e produção textual de jovens alunos da escola municipal José de Sena Filho. 

Do Ifal Murici, o discente João Victor Laurindo apresentou o trabalho "Introdução à língua inglesa: despertando o prazer de aprender inglês", onde cerca de cem alunos da escola municipal Governador Lamenha Filho foram beneficiados com reforço e atividades lúdicas de aprendizagem da língua estrangeira.

Do Campus Coruripe, a estudante Fernanda Costa descreveu a ação extensionista de reforço escolar na disciplina de Matemática, aplicada com alunos de duas escolas públicas da região. "A lição que tirei dessa experiência é que em uma sala de aula superlotada, fica difícil para os professores darem atenção a cada aluno, ter um olhar específico para as deficiências dele. Então nós atuamos para ajudar no preparo desses com mais dificuldades. Com um trato individualizado, eles perdem a vergonha de tirar dúvidas", contou a bolsista.

O projeto de suporte de aprendizagem em Matemática mencionado é orientado pelo professor Enaldo Vieira. No CBEU, ele divulgou uma outra atividade executada por dois bolsistas, sob seu comando: a proposta de utilização de jogos digitais como instrumento motivacional de aprendizagem de matemática. "Também atendemos a rede pública de ensino, com 20 alunos que vão aos laboratórios do campus e, por meio de jogos eletrônicos, aprendem técnicas de concentração e noções básicas de lógica", mencionou. 

Outra iniciativa de caráter educativo mostrada no último dia de CBEU foi a da graduanda em Ciências Biológicas do Ifal Maceió, Cynthia Wanessa Souza do Nascimento, realizada no laboratório pedagógico de biologia do campus. O projeto refere-se a um curso de difusão das ferramentas do Google para profissionais da educação da rede pública e particular de Alagoas. "Quisemos auxiliar na formação tecnológica e provocar a reflexão do conteúdo didático no contexto de um modelo de educação mais atual, interativa e formadora de cidadãos mais críticos", ressaltou.             

A professora de inglês do Ifal Rio Largo, Marici Lopes, desenvolveu, de forma parecida, uma ação de inclusão digital. Ela orientou o projeto de extensão "Informática para a vida", que atendeu idosos e adultos das comunidades circunvizinhas em oficinas ministradas no laboratório de informática do próprio campus. 

 Mas se o tema forem os impactos das novas tecnologias nas relações sociais e no meio ambiente, quem demonstrou saber muito a respeito foi a aluna Dalila Vitória da SIlva Santos, do Campus Penedo. Ela explicou, no CBEU, o projeto criado para combater a dependência dos aparelhos móveis e impulsionar o uso da internet para fins educacionais. "Fizemos atividades dinâmicas, como criação de paródia e peças de teatro, para trabalhar o tema entre os jovens, sensibilizando-os para os riscos do descarte inadequado de aparelhos eletrônicos e para a importância de utilizar a tecnologia a nosso favor", concluiu.

Encerramento e avaliações

Na solenidade de encerramento do 7º CBEU, a coordenadora geral do evento, Ida Berenice Heuser do Prado, exibiu os números gerais de participações. Conforme ela, 1.360 pôsteres, 766 trabalhos completos, 38 minicursos, 15 mesas-redonda e 3.804 participantes deram vida e movimento ao congresso. 

Para Daniel Pansarelli, vice-presidente do Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Instituições Públicas de Ensino Superior (Forproex), o evento representou o espírito da comunidade extensionista. "A gente faz acontecer. A extensão é um compromisso social e político da universidade, de transbordar o conhecimento além dos seus limites. E foi isso que vimos aqui", afirmou em seu discurso de encerramento.

A conferência final do congresso ficou a cargo da coordenadora do projeto Irê Ayó, Vânia Machado. A especialista defendeu uma proposta de educação centrada na valorização da cultura afro. Por meio de vivências educacionais próprias, ela percebeu a necessidade de um projeto de ensino que contemplasse a população negra e proporcionasse o reconhecimento da sua história e do seu lugar de protagonismo no mundo. A partir daí, criou o Irê Ayó, iniciativa bastante aplaudida pelo público na solenidade de encerramento do CBEU 2016.

Aguimário Pimentel, um dos membros da comitiva do Ifal em Ouro Preto, avaliou o evento de forma bastante positiva. Professor do Ifal Penedo, ele levou a comunicação oral "A Leitura do Patrimônio Imaterial da Cidade de Penedo" e foi enfático em relação ao caráter integrador do evento. "Trata-se de um espaço de estabelecer contatos com profissionais de outras partes do Brasil que atuam na mesma área, de trocar impressões sobre manifestações próprias da realidade em que estamos inseridos, de conviver com a diversidade e aprender com isso", finalizou.

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